segunda-feira, maio 03, 2010

Aquele último trago da esperança

E mesmo acabando de sair do banho, eu estava suja. Eu tinha me acostumado com a desgraça. Me ver no espelho era como ver apenas mais um zumbi que anda pelas ruas, era como ver uma pessoa que só tinha o corpo presente, pois sua alma insistia em ficar no mundo. Mas o corpo presente estava cansado, estava exausto de ter uma vida sofrida.
Minhas olheiras estavam horrororas e nem uma bela de uma maquiagem iam resolver o meu antigo rosto de porcelana. Eu não era mais de vidro, aquela menina sensível. Eu me tornei uma mulher, uma mulher fria com o seu belo coração de pedra que rodeia por um mundo instável.
O cigarro foi um dos motivos que me levaram a me tornar um zumbi, só que eu nem ligava. Só estava seguindo minha vida, esperando a hora passar e o meu tempo chegar.
Meu último trago da esperança de uma boa vida tinha ido embora a muito tempo e agora eu apenas vivo com um par de pulmões negros e uma pedra carregada dentro de mim.

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