Acabo de chegar do hospital e ao chegar na escola, todos os olhares são chamados para mim. Eu apenas olho para baixo e vejo minhas pernas tremerem e tento achar o que as pessoas percebem e debocham de mim. Isso seria mais um motivo para querer sumir, querer correr por aquela porta e voltar para o hospital e continuar ali, onde eu podia proibir minhas visitas.
Estava magoada em saber que, onde eu mais me sentia confortável, com as pessoas que eu mais conseguia me sentir bem se tornou o lugar que eu não aguentava estar. Sentia medo. Medo de estar naquele lugar vendo todos olhando apenas para mim.
O que tinha em mim, que era tão atrativo? Eu não queria saber. Apenas queria fugir.
Não sei o que criou dentro de mim, mas ali eu não queria mais estar. Era o último lugar da minha lista que eu me teimara a voltar.
- Onde está minha paz? - Eu berrara em meio de sala.
Aquele professor alto, barbudo e cético olhara para mim furioso e me manda sair de sala. Ele não entendia que eu só queria um pouco de paz e continuar com minha vida antiga antes de entrar naquele "Mundo Branco". Podia ao menos me explicar? A minha paz tinha ficado naquele hospital e eu queria voltar para lá, para continuar com minha vida normal, sem muita atenção na multidão.
Não queria mais continuar naquela sala, nem naquela escola, nem em lugar nenhum que eu pudesse me relembrar daquelas pessoas, daqueles rostos que um dia me fizeram bem, começaram a me fazer tão mal.
Todos me conheciam, sabiam que eu não era fã de tanta atenção.
Meu nome era alvo de cochicos nos corredores. Os olhares eram chamados para mim. Meu medo continua.
Não estava em sala, mas ainda estava na escola. E isso me deixava perturbada.
- Me tirem daqui! Eu suplico.
Mas não, a minha voz era um nada no meio de tanta gente que berrava próximo a mim.
Minha fragilidade no meio daquelas pessoas tão altas e fortes começava a ser mais rebaixada. Eu era uma formiga no meio de tantos gafanhotos.
Medo.
Nunca me senti desse jeito, por favor, me levem para o hospital.
Finalmente vou ao banheiro, pois eu realmente comecei a me sentir mal. Sentei-me próximo a uma pia e fiquei me olhando no espelho. Aquela era eu? Comecei a fazer movimentos e vi que sim, aquela ali era eu.
Desde que eu sai do hospital, desejara não me olhar mais no espelho e reparei o porquê de todos estarem me olhando. Eu estava tão... magra! Nunca soube que as dicas daqueles sites um dia dariam certo comigo. Fui parar no hospital por estar magra demais! Sempre tive em minha mente que eu estava gorda, mas se eu chamasse aquilo que eu estava vendo no espelho de gorda, sinceramente? Não sei o que eu faria. Só via apenas ossos. Não me enxergava mais, isso me assustara. E isso eu não sei se me faria perder a vida.
Apenas grito socorro. Mas eu sei que ninguém vai me ouvir, sei que um grito não vai me ajudar.
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